Boa tarde!
Enfim chegou a tão esperada data, a estréia da turnê "O Horizonte". Teresa e equipe já se encontram na Casa da Música, no Porto, onde daqui a pouco, às 22h (hora de Portugal) subirá ao palco para encantar a todos com esse belo trabalho que viemos acompanhando desde o início.
Bom concerto a todos, tenho certeza de que será uma noite maravilhosa de música e alegria. Lembrem-se de ao final comprar o CD e aguardar, nossa estrela sempre recebe a todos para um abraço, um autógrafo, uma foto. E se acharem um coração vermelho e verde pelo chão, já sabem, é o meu. (risos)
E amanhã "O Horizonte" clareia em Lisboa, às 21h, no CCB.
Segue entrevista concedida pela Teresa ao Diário de Notícias.
O novo Horizonte de Teresa Salgueiro
Teresa Salgueiro apresenta o novo álbum a solo O Horizonte
em concertos hoje na Casa da Música, no Porto, e amanhã no Centro
Cultural de Belém, em Lisboa. Conversámos com a antiga vocalista dos
Madredeus num hotel lisboeta.
Com nove anos de percurso em nome individual, Teresa Salgueiro está a viver o início de uma nova etapa a solo com o álbum O Horizonte,
editado na semana passada. Hoje e amanhã, na Casa da Música e no Centro
Cultural de Belém, Teresa Salgueiro vai interpretar os temas do novo
disco, promete recuperar algum do reportório do longo antecessor O Mistério, e vai cantar "algumas versões de temas da cultura portuguesa", sem esquecer os Madredeus. Teresa Salgueiro passa a assumir no novo disco o comando de todos os
aspetos da sua música - letras, composição, interpretação e até produção
a meias com o seu multi-instrumentista Rui Lobato. "De facto, este
disco foi uma grande luta, porque começou a ser composto logo depois de O Mistério, o disco que gravei em 2012. Entretanto, houve muitas alterações. O Horizonte
representa aquela linha que está ali [Teresa aponta ao fundo], sempre
longe. É o limite daquilo que conseguimos ver e que nos convida a fazer
um caminho. À medida que caminhamos, o horizonte muda mas o sonho
permanece. Nesse caminho vamos encontrando o mundo real. Sendo o sonho
de ser músico, este disco teve de passar por várias fases e obstáculos
que se tornam oportunidades para melhorarmos as coisas. Acredito que o disco é melhor
agora. Se tivesse sido feito há quatro anos, o disco teria sido outro.
Acho que a música está mais profunda do que a de O Mistério. Mudaram
pessoas, saiu o guitarrista que queria fazer um masterclass em Nova
Iorque. Há dois anos saiu a acordeonista. É uma muito maior
responsabilidade, a de gerir esta atividade para a qual colaboram
pessoas cujas vidas dependem disto."
Nesta nova formação, além de Rui Lobato, o coletivo de Teresa Salgueiro
conta com o contrabaixista Óscar Torres, o acordeonista Marlon Valente e
o guitarrista Graciano Caldeira. "Os músicos que vieram trouxeram a sua
linguagem. Se calhar, o tempo que levou podia ter sido um pouco menor.
Mas o percurso que tem sido feito tem sido muito enriquecedor para mim."
A curiosidade é que Teresa Salgueiro continua a ser acompanhada por mais
quatro instrumentistas, o que aconteceu em vários períodos dos
Madredeus. "É uma coincidência mas também uma procura. Aquilo que eu
quis era um som que fosse novo, que não me fizesse repetir. Pensei no
acordeão porque era um instrumento que tinha estado no meu início. E é
um instrumento bastante versátil, parece uma orquestra. E é muito
português. O contrabaixo é um instrumento também bastante versátil.
Ainda por cima, o contrabaixo do Óscar é elétrico e permite o uso de
pedaleiras e de uma série de recursos. A ideia era encontrar uma música
que fosse ao encontro da minha voz e de um som com o qual me
identificasse."
Na comparação inevitável de O Horizonte com os Madredeus,
notam-se algumas diferenças substanciais, nomeadamente na secção
rítmica. Mas há associações evidentes, como o ar do acordeão. "Poderá
haver uma proximidade sonora nalgumas coisas e até de inspiração, pois
sou a mesma pessoa. Passei muitos anos a cantar o meu amor a Portugal e
continuo a fazê-lo. Mas a música é muito diferente. Nos Madredeus, os
temas são mais canções, com uma estrutura clássica. Nós hoje não fazemos
bem isso. Há pontualmente canções, mas o que fazemos são essencialmente
peças, as letras raramente se repetem. É outra fórmula de música. Mas
se me compararem aos Madredeus, só posso ficar contente, estive lá tanto
anos. Gostei muito dos Madredeus quando lá estive."
Outra das razões que ajudam a diferenciar o novo álbum de Teresa
Salgueiro do legado dos Madredeus prende-se com o facto de a cantora
lisboeta passar a assinar as letras. "Estes temas que tocamos sabemos
que vão suportar a voz e as palavras cantadas e um pensamento - tanto n"O Mistério como n"O Horizonte.
Acho que este disco é muito pessoal mas não num sentido autobiográfico.
É pessoal porque representa o meu pensamento e a minha visão sobre a
realidade. Quando estou a escrever, estou a imaginar quem vai ouvir-me.
Claro que imagino uma plateia, mas também imagino um a um. Nesse
sentido, é um disco dirigido a cada um."
Nessa escrita de letras, Teresa Salgueiro conseguiu inspirar-se para o tema mais interventivo que jamais cantou: chama-se Êxodo. "Esse tema já tem quatro anos. E sempre se chamou Êxodo mas só escrevi as letras há pouco tempo. O Êxodo
inspirou-me sempre a falar nos povos excluídos. Há séculos que cruzam o
planeta, expulsos por outras comunidades. Isso é uma coisa que me faz
muita confusão. Portugal é também um país de diásporas, se bem que a
emigração foi muitas vezes forçada, de que temos casos recentes. Quando
comecei a escrever este tema, aconteceu a guerra da Síria que tem
provocado este êxodo terrível. Estava a lembrar-me de povos, que para
além de perderem as suas casas não têm para onde ir. Se houvesse vontade
política, nós poderíamos estar a viver num mundo extraordinário. Mas o
pior da natureza humana ainda está a vencer. É assustador. Temos de
lutar."
Durante vinte anos, Teresa
Salgueiro habituou-se ao amparo de uma retaguarda altamente profissional
chamada Madredeus. Mas Teresa Salgueiro não se sente hoje mais
desamparada: "Sinto-me livre. E tenho outra retaguarda, de músicos
extraordinários que me acompanham. Há um núcleo duro na banda, formado
por mim, pelo Rui Lobato e pelo Óscar Torres, e há um trabalho de equipa
que me faz sentir apoiada. Tenho a sorte de contar com estas pessoas,
com quem consigo falar, e que se preocupam tanto quanto eu com a
qualidade. Há muita liberdade criativa em que eu sou o filtro."
Saída pacífica dos Madredeus
O
que será mais difícil: uma rapariga de 17 anos a enveredar pela
carreira de cantora no início dos Madredeus ou uma mulher com mais vinte
anos em cima a decidir aventurar-se num percurso a solo? Para a
cantora, a decisão de sair dos Madredeus não foi "nada difícil porque
foi pacífica e a única possível. E a decisão de ingressar nos Madredeus
também não foi nada difícil porque foi uma alegria, ninguém sabia no que
aquilo ia tornar-se. Eu era ainda miúda. O grupo depois
profissionalizou-se mas no início foi um encontro feliz. Saí por um
desentendimento de agenda. Tínhamos combinado um tipo de ocupação e
estava a ser-me exigido outro. "Ou é este ou é nada!". Neste caso,
escolhi o nada. Era a única opção possível, não ia ficar a fazer uma coisa que não
tínhamos combinado e que não me ia permitir estar de corpo e alma no
projeto como sempre estive ou como sempre tentei estar. Nesse sentido,
foi pacífico. Somos responsáveis pelos sonhos que escolhemos. Claro que
isso tem consequências. No meu caso, o meu sonho era continuar a
cantar."
E para continuar a cantar, Teresa Salgueiro tem os cuidados normais com a
voz, como explica: "Tentar ter uma vida regrada a nível de dormidas,
não fumar, não beber. Já fumei no passado mas já deixei há muito tempo
porque não me faz bem nenhum. Bebo muita água, gosto muito de gengibre,
mascado e por vezes em chá. E faço o aquecimento normal de voz antes de
cantar."
Fonte: http://www.dn.pt/artes/interior/o-novo-horizonte-de-teresa-salgueiro-5430433.html
Foto:Susana Pereira.
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