domingo, 29 de setembro de 2013

Letras de "O Mistério"

 Olá!

Nesta segunda postagem do blog, trago as letras de "O Mistério", primeiro trabalho solo da Teresa. Ela escreveu todas as letras do CD e compôs as músicas em parceria com os membros da Banda, Carisa Marcelino (acordeon), Óscar Torres (contrabaixo), Rui Lobato (bateria, percussão e guitarra) e André Filipe Santos (guitarra), que deixou a banda em 2013, sendo substituído por Graciano Caldeira.
"O Mistério" é lindo, envolvente, cria uma atmosfera intimista que nos leva a meditar em nossa condição humana frente aos desafios da existência particular e coletiva, como se estivéssemos caminhando numa madrugada e pouco a pouco a alvorada se anunciasse, primeiro com aquela luz tênue, depois o canto dos pássaros...

Clique no título da canção para ouvi-la no Youtube.



 SENHORA DO TEMPO

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Com vagar
Senhora do tempo
Vai erguendo os seus braços
Balançando ao vento

Num murmúrio
Do ventre do solo
Brota lentamente a pequena semente

E na sua sombra
Vim então repousar
Meditei

Nobreza sem par
Exemplo de força
De total sabedoria

E eis que um dia o seu tronco imenso
Se transforma

Agora é o mastro
É o centro de um barco
O equilíbrio

E navega
Do rio vai para o mar
E circunda toda a terra
Segue o marulhar

Chega a um novo porto
Nas margens de outro rio
Ali Estão

Com vagar
Senhoras do tempo
Vão erguendo os seus braços
Balançando ao vento




 CÂNTICO

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Oculta contemplo
A graça da tua figura

Secreta, calada
Vou compondo um chamamento

Vem comigo ver noite de luar
O firmamento
O brilho das estrelas, de todos os astros
Em movimento
Quisera eu
Imitar a sua dança, o seu encanto
Desnudar a minha esperança


No jardim o orvalho fresco já beijou
Todas as flores
Os frutos
Derramam um perfume encantador
Vibrantes cores
À já manhã
Vem por entre o arvoredo
Escutar o canto das aves
O doce segredo

Distante miragem
Do teu olhar um leve aceno

Quando não te tenho junto a mim
Todo o meu corpo é um deserto
Vem
Quero ouvir o som da tua voz
Suave torrente
Vê a Levante
O oásis que desponta
Vamos provar o néctar das romãs
Beber das fontes
E oxalá
Possam vir as minhas mãos a ser o bálsamo
P’ra sarar as tuas feridas


 A FORTALEZA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Vou encontrar a coragem
Vou atravessar
Vou enfrentar a voragem da cidade

Um céu de nuvens negras, fechadas
Parece negar
Que das maiores tormentas
A luz vai chegar

A fortaleza e a virtude
Que forjei para mim
Não são de ferro ou de fogo
Eu não combato assim

A minha espada, o meu escudo
A minha oração
A minha crença nos versos de uma canção


A PAIXÃO

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

A minha alma
Sedenta de amor
Viveu num desencanto
Desolador
Até que tu vieste
O teu esplendor
Mudou o meu destino
E tudo ganhou cor

Eu despertei
Descobri a paixão
Uma visão celeste
A imensidão
Tu és para mim o Anjo
Que acalentou
O meu maior desejo
E me elevou

Só um olhar
Entendi.

O meu caminho
Levou-me p’ra ti
Secretamente reconheci
E só num olhar
Entendi quem eras
Deixei-me levar.


LISBOA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS E PEDRO PESTANA/FRANCISCO RIBEIRO
Letra: TERESA SALGUEIRO

Anoitece
Nas vielas e nas esquinas
Nas escadas e nas colinas
Nas calçadas feitas à mão
No bater do meu coração
Mas não me canso de percorrer
A cidade em que vim nascer
Onde o Tejo vem adormecer
E é uma porta aberta para o mar
Um convite p’ra navegar
E que abraça quem quer chegar
Desde sempre assim foi

P’la manhãs
Do Castelo desço a Alfama
Labirinto de casas brancas
Enfeitadas com andorinhas
E que é o berço de tradições
Do velho fado, das procissões
Das tabernas e dos pregões
e onde nas ruas pequeninas
Ainda ecoam trovas antigas
E se inventam novas cantigas
De louvor ao bom Santo António
Que Lisboa venera

Eu só queria desenhar nesta melodia
O amor à minha cidade
Teimosa fantasia

É assim
Que eu gosto de imaginar
Esta Lisboa secular
Onde habitam todos os povos
De tantas raças, velhos e novos
A cidade mais luminosa
Bela, mágica, radiosa
Eu vou sempre cantar
P’ra ti Lisboa
De entre todas a mais formosa
Bela, mágica, radiosa
Vou p’ra sempre cantar


O MISTÉRIO

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS e PEDRO PESTANA
Letra: TERESA SALGUEIRO

Nas ondas do mar
Na luz serena da chuva
Eu sei

Aguardo as palavras
Suspensas no silêncio
E vou

Abraço o medo
Que a memória traz
É no mistério
Que eu encontro a paz

Apenas o amor
Desvenda o segredo
Com calma, dissolve a dor

Para sempre hei-de guardar a promessa
É na força das águas que eu vou despertar



A FOGUEIRA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS e PEDRO PESTANA
Letra: TERESA SALGUEIRO

Dia de Festa
Haja alegria
É este o tempo de celebrar
Juntos iremos em romaria
Agradecer à Virgem Santa
No seu altar

De novo a terra foi generosa
Retribuiu farta colheita
A quem a cuidou
E a partilha justa foi feita
A harmonia recompensa quem trabalhou

E já na eira
Moços e moças
Fazem roda entrelaçados para bailar
Lembrando o sol
Ou uma fogueira
Noite dentro vão cantando
Até madrugar

Rostos alegres risos e palmas
A desgarrada vai começar
O vinho novo desperta as almas
A ironia vai lançando
Farpas no ar mas,
Ninguém se zanga
Tudo é folia
Assim se curam
Os pecados por revelar
E se renasce para um novo dia
Um novo ciclo recomeça
Vamos dançar

La la la la
La la la la la la la

É a dança da fogueira


ANDO ENTRE PORTAS

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Solidão,
Branca loucura
Amarga ilusão
Que me tortura
Eu caminho às cegas sem saber
A qual das portas vou bater

Há-de haver uma saída
Um sinal de luz na minha vida
Vou abrindo as portas
Quero ver
O horizonte que estão a esconder

Ainda hesitei
Quase dormente,
Há um mundo imenso à minha frente
Vou ter que saber por onde ir
Vou ter que escolher
Vou ter de partir

Não vou voltar atrás não vou
Sequer olhar p’ra trás
Não vou

Vou com a certeza
Já não há regresso aqui

Desato a tristeza
Soltei as amarras

Leve como num sonho eu vou

Sem regresso
Sem amarras



A BATALHA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

A luz da manhã
Revela, anuncia
Ó terra, a esperança não é vã
Renasce a cada dia
E o sonho é lugar
Da criação

Vem, longe, um vento agreste
Trazendo outra vontade sem regresso

Sob o céu cinzento, a terra seca
Como é seco o sangue que a manchou
Dos corpos que tombaram, resta o esquecimento
Naqueles cuja razão os ceifou

Em quem lhes deu a vida, a mágoa imensa
O gesto mudo, que já nada alcança,
É o vazio agora, a única presença, e para sempre
Do calor do abraço, uma lembrança

Eu posso dizer não
A “matar ou morrer”
A minha direcção é ser
Tenho a minha vontade
Exerço a liberdade
Bastaria começar
E cada um seria mais um
A defender a vida



A PARTIDA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Um dia quando deixar
A minha breve morada
Serei apenas leveza no ar azul
Da madrugada
Suave neblina
Ou espuma do mar
Um instante fugaz?

Não voltarei a sentir
A luz do sol no meu rosto
Nem a frescura das águas na pele
E tantas coisas que eu gosto
O ar das montanhas
O canto das aves
O cheiro da terra

Eu só queria dizer
Que agradeço e me abandono
Tenho o amor que me ensina a viver
Enquanto espero o Outono.
Só quem amei me acompanha
Me ampara
Só o amor ficará.


AUSÊNCIA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Voltei de novo ao cais
Lembrei a despedida
O teu olhar tão triste
A minha voz contida

Não sei dizer adeus
Estou presa à tua imagem
Rogo a Deus e aos céus
(Que) seja breve a viagem

Encontro a tua ausência
Em todos os lugares
E colho a tua essência
Nas coisas mais vulgares

Será que és constante
Às juras que fizeste
Ou por um só instante
De todo me esqueceste?

Já sequei o meu pranto
Calei o meu lamento

Mas vou contando as horas
À espera de encontrar-te
Diz-me que não demoras
Diz-me que não é tarde


A MÁSCARA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Sempre
As mesmas palavras
Tornadas máscaras
P’ra convencer‐te
São ideias vagas
Sobre a verdade
E tu podes perder-te

Desperta
Pois na realidade
Existe a verdade
A palavra mais certa
Mantém sobre o mundo
Um olhar
Profundo
Um olhar sempre alerta

Avança
Atento ao compasso
Ocupa o teu espaço
Um lugar nesta dança
E com paciência
Imprime a urgência
Promove a mudança

Todos somos igualmente sós
Pouco a pouco vais saber quem és
Reparte
O teu pensamento
Escolhe o momento e vai por toda a parte
Mas reflecte bem
Pois pensar também
Deve ser uma arte

As mesmas palavras
Existe a verdade,a palavra mais certa

Vai por toda a parte



A ESTRADA

Música: SALGUEIRO/MARCELINO/TORRES/LOBATO/SANTOS
Letra: TERESA SALGUEIRO

Deixei
P’ra trás
A Terra Mãe
Se calhar, não vou voltar
Ainda não te encontrei

Sou
A minha casa
Os passos que dei
Já vai rompendo a alvorada
E eu não pertenço a ninguém

Sigo esta estrada
Onde comecei
A mesma estrada
Que vislumbrei

O horizonte é tão largo
É um nunca acabar
Tudo muda à minha volta
Pareço estar sempre no mesmo lugar

E será que amanhã
Ainda vou recordar
As promessas que fiz
Junto ao mar?

Será que vou saber
Quando parar?
Cair nos teus braços
E enfim descansar



A ESPERA

Música: Teresa Salgueiro | Carisa Marcelino | Óscar Torres | Rui Lobato | André Santos e Pedro Duarte Pestana
Letra: TERESA SALGUEIRO

É a saudade
Que me transporta
A um lugar de claridade
Que me conforta

Lembranças vagas
De horas perfeitas
Tão distantes
Desfeitas
Pois já não voltam.

Mas que me importa?
Eu não me sinto só
Tenho a saudade a meu lado
A minha âncora

O teu sorriso de sol
Todos os pequenos gestos
O sopro de um aguaceiro
A grandeza dos espaços
A partida, um regresso e os abraços
E as lágrimas que se guardaram
Os pés marcados na areia
Um barco que se desprende
E nas ondas serpenteia
Uma estrela que se afasta
Está tudo aqui.

Canto a saudade
Canto esta espera

Canto a saudade
Canto a saudade e a espera
Canto a saudade
Canto esta espera

A eternidade

Canto a saudade

Aqui o tempo não me consegue alcançar

Canto a saudade
Canto esta espera

A eternidade





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