quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Teresa Salgueiro em viagem rumo ao horizonte



Lisboeta, a voz que nasceu para o público com os Madredeus apresentou-se perante casa cheia justificada por trinta anos de carreira 

 

 


 Foi apresentado no último domingo em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB), o novo álbum de originais de Teresa Salgueiros, "Horizonte", ela que celebra o trigésimo ano de carreira com um percurso musical de excelência. Com apenas dezassete anos, Teresa tornou-se membro integrante do grupo Madredeus, um dos maiores ícones da música nacional, do qual se dissociou nove álbuns depois, em 2007. Desde então, o seu percurso veio a ser desenvolvido num projeto a solo, sob nome próprio, o qual tem sido bem recebido pelo público que permanece devoto à singularidade de uma potência vocal que se há-de perpetuar pela história da cultura musical portuguesa.

 

O Horizonte agora apresentado na cidade que a viu nascer surge no âmbito deste último projeto, consistindo em temas originais desenvolvidos com o apoio da banda que acompanha Teresa desde 2012. A apresentação aconteceu na noite do último domingo do CCB, dia em que, pouco depois das 21 horas, um primeiro baixar de luzes silenciou um auditório bem composto por ouvintes expectantes. Ainda assim, só minutos depois é que subiu o pano, permitindo um ambiente escuro, com jogos de sombras e tons frios para a recepção de Teresa Salgueiro ao som de “Horizonte”.
Depois do tema que dá nome a este trabalho, seguiu-se “A Esperança” para só depois a artista se dirigir pela primeira vez ao público. Para além da habitual saudação inicial, este momento foi aproveitado para introduzir o termo horizonte como o “limite do mundo tangível”, como o fim em direcção ao qual caminhamos, motivados por memórias e sonhos. Em seguida, continuou-se a explorar os novos temas, ouvindo-se “A Cidade”, “Desencontro”, “Instante” e o “Vento”. E se por vezes parecíamos ser transportados para solo francês devido à sonoridade inconfundível do acordeão, “Êxodo” levou-nos até à Arábia. Introduzida pelo som de tiros e bombas, esta música foi inspirada numa travessia do deserto, surgindo assim como uma referência à actual crise dos refugiados, no sentido de homenagear os povos excluídos que vagueiam sem destino, sem casa e sem apoios, que Teresa acredita serem movidos pela memória.
A memória surge aqui, aliás, como elo de ligação à inversão de sentido que se efectua, uma vez que o espetáculo se desenvolve agora com Teresa Salgueiro a debruçar-se sobre o passado em tom de homenagem, através das suas recordações. Com uma ovação quase imediata ouviu-se “Barco Negro”, da autoria de Amália Rodrigues, louvor que a artista afirmou ser obrigatório.






Ainda no âmbito dos artistas incontornáveis da música portuguesa surgiram os nomes de Carlos Paredes e de Zeca Afonso, recordados através dos temas “Verdes Anos” e “Canção de Embalar”, respectivamente. Em seguida, duas odes à guitarra, através do fado “Recordação” de Maria Teresa de Noronha e da “Guitarra” dos Madredeus, ouvindo-se ainda do antigo grupo de Teresa Salgueiroo tema “Haja o que houver”, com o convite para que o público pudesse acompanhar a artista em palco. O convite foi recebido, uns aceitaram-o enquanto outros nem por isso, mas foi nesta fase que o público começou a desabrochar.
A referência aos Madredeus em tom nostálgico permitiu recordar as plateias que conquistaram juntos, algumas das quais Teresa afirmou manter, realçando a mexicana. Avançou-se, então, para a terceira etapa do concerto, desta vez em solo latino-americano. Assim, ouviram-se a “Canción Mixteca”, interpretada de forma bilingue entre o português e o espanhol, e uma composição de Chabuca Granda, artista natural do Peru.
De regresso a terras lusitanas para a continuação da apresentação de O Horizonte, surgem desta vez “Maresia”, “Céu”, “A Luz” e “O Mistério”. Antecipando o adeus, Teresa Salgueiro, para além dos agradecimentos habituais, aproveitou o momento para apresentar os “seis” elementos da sua banda: no contrabaixo Óscar Torres; na percussão, bateria e guitarra Rui Lobato; na guitarra e na braguinha Graciano Caldeira; no acordeão Marlon Valente; e, invulgarmente incluídos na lista de apresentações, Francisco Lester e Jorge Barata responsáveis pela iluminação e pelo som, respectivamente. Em jeito do que parecia ser a despedida, ouviu-se “Liberdade”.







Teresa Salgueiro saiu mesmo de palco mas rapidamente voltaria para o "encore" durante o qual interpretou mais três temas. O primeiro foi “Lisboa”, em tom de homenagem para com a terra que a viu nascer, seguido de “O Pastor”, música da autoria dos Madredeus com o qual a artista arrecadou a maior ovação da noite, tendo sindo acompanhada ao som de palmas, não fosse ela um hino ao esplendor do que melhor se fez e faz em território nacional. Por fim, o “Entardecer” encerrou a viagem a que estivemos sujeitos pela capacidade de transporte das músicas de Teresa Salgueiro.
Foram cerca de duas horas que serviram de reflexo à iconicidade de uma carreira cheia de mérito e que só confirmaram a aptidão natural desta artista para espelhar emoção e devoção em todo o seu trabalho, passem os anos que passarem. Teresa Salgueiro fez-nos sonhar num concerto que vai, certamente, ficar na memória dos presentes. No fundo, acordar é que não queríamos.









Fonte: 
http://www.lusonoticias.com/index.php?option=com_content&view=article&id=33550:teresa-salgueiro-em-viagem-rumo-ao-horizonte&catid=459&Itemid=368 

Texto: Beatriz de Abreu Correia 
Fotos: Jorge T. Carmona

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Teresa Salgueiro em Águeda, Portugal



Boa noite a todos!


É já no dia 14, próxima sexta-feira, o concerto da nossa linda Teresa em Águeda, Aveiro, Portugal. A estrela e seus músicos subirão ao palco do Cine Teatro S. Pedro, às 22h, abrindo os trabalhos das Sextas Culturais 2016/2017.
Bilhetes à venda na Biblioteca Municipal e no Cine Teatro, 5 euros (antecipado) e 8 euros (no dia do concerto).

"O Horizonte" estará disponível para compra no local e como sempre, após o concerto, Teresa receberá a todos para um autógrafo, um abraço, uma foto.

Bom concerto!





domingo, 9 de outubro de 2016

Teresa Salgueiro em Lisboa


Boa tarde,



Após a noite de estreia da turnê mundial de "O Horizonte", descrita como "mágica, belíssima, única" pelos que lotaram ontem a Casa da Música, no Porto, Teresa Salgueiro e músicos sobem hoje às 21h ao palco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, cidade natal da nossa estrela. O Fã Clube Teresa Salgueiro deseja a todos um excelente concerto e lembra de, ao final, comprarem o CD que está lindíssimo e aguardar para receber um abraço, uma foto, um autógrafo da nossa amada Teresa.

Mantenhamos os olhos fixos no horizonte, é ele quem nos impele para o futuro.
Os passos firmes no presente, é ele quem nos sustenta o caminhar.
O pensamento no existir como um todo, as boas lembranças do passado, o que deve ser corrigido no agora e o que de melhor nos espera à frente.



Bem hajam!

 Vera.


 Foto: Equipe Teresa Salgueiro.

sábado, 8 de outubro de 2016

Bilhetes para a Casa da Música e CCB







Novidades!

Acabo de saber que ainda há bilhetes disponíveis para a estréia de "O Horizonte" na casa da Música (Porto) e no CCB (Lisboa). Ainda há tempo de assistir ao lindo espetáculo que a Teresa preparou com muito carinho e cuidado para nosso deleite

Para comprar bilhetes do concerto de hoje no Porto, acesse
http://www.casadamusica.com/pt/canais/sro/buyticket?&event=45520


E para o concerto de amanhã em Lisboa é só clicar
https://www.ccb.pt/Default/pt/Programacao/Musica?a=655


Ótimo concerto a todos! Tirem muitas fotos, façam transmissões em directo para os fãs no mundo inteiro que estamos enviando boas energias para a nossa estrela, seus músicos e, é claro, a todo o público que estará presente nos dois eventos. :-)





Teresa Salgueiro em entrevista ao Porto Net



Teresa Salgueiro: "A música é uma libertação"

 

 

Teresa Salgueiro apresenta o novo álbum, “O Horizonte”, no próximo sábado, pelas 22h00, na Casa da Música. O JPN falou com a cantora sobre o primeiro concerto de uma digressão mundial. 

 

 

O JPN aproveitou a passagem de Teresa Salgueiro pelo Porto, este domingo, quando foi à Casa da Música para participar no lançamento do novo romance de Valter Hugo Mãe, para uma mini-entrevista a propósito do concerto que vai dar ali mesmo, no próximo sábado.

Quais são as expectativas para o concerto de dia 8, aqui, na Casa da Música?
Para este e, logo no dia seguinte, no dia 9, no CCB, em Lisboa. As expectativas são sempre grandes.

Este será um concerto com os temas exclusivamente novos ou podemos esperar alguns mais antigos?
O concerto não será exclusivamente com o repertório do disco [novo]. Também terá um repertório comum com o concerto anterior, que é algum repertório do disco “Mistério” e alguns arranjos que eu ao longo do tempo fui fazendo para temas da tradição, temas dos quais eu me sinto próxima e que penso que ajudam tanto aqui [em Portugal] como fora daqui. É localizar-me perante quem me está a ouvir, localizar a música que eu faço.

E que música é essa?
De alguma forma, é trazer ao palco música na qual eu me inspiro, música que é a razão para que eu cante e que faz parte do percurso da minha vida. Portanto, há uma parte do concerto que não é só a minha música.

Difere muito cantar para o público português e para o público estrangeiro?
Uma diferença que é notória é cantar em português e as pessoas perceberem o que estou a dizer. Isso também acontece no Brasil. Se bem que nem sempre se consegue fazer entender tudo o que nós dizemos. Nós percebemos melhor o português do Brasil do que eles percebem o português de Portugal, o que é natural, porque o português deles é muito mais aberto, foneticamente falando, e essa é uma diferença fundamental. A outra é sentir que se está em casa a partilhar um momento. E Portugal, sendo um país muito pequenino, é um país enorme nas suas diferenças. É gigante em termos de influências culturais. De norte a sul do país, encontramos populações muito distintas, formas de ser muito distintas e isso é muito interessante. Depois, nos outros países do mundo, cada país tem uma relação com o fenómeno da música que é distinto. Cada país tem uma forma de ser, tem uma cultura, cada povo, mas felizmente sou saudada com muito entusiasmo à maneira de cada país em todos os países que visito. Talvez haja países com formas mais efusivas de ser.

Como por exemplo?
É o caso do México para o qual eu gravei um disco o ano passado e que só está disponível online. O Brasil também é um povo muito efusivo. Mas depois na Europa também as pessoas têm uma forma de ser mais contida, mas também se libertam. A música é uma libertação. Quando as pessoas gostam e estão a fruir ficam felizes, saúdam e entusiasmam-se.

Por falar em Portugal, existe algum sítio em que lhe falta tocar? Ou onde gostaria de tocar?
Já há muitos anos que não toco nem no Coliseu de Lisboa nem no Coliseu de Porto. Nutro um carinho muito especial e gostaria muito de lá voltar, quando for a altura certa. Não tenho pressas, mas gostaria de o fazer.

Artigo revisto por Filipa Silva

Fonte:  https://jpn.up.pt/2016/10/05/teresa-salgueiro-musica-libertacao/
Foto: Ana Marta Ferreira.

"Teresa Salgueiro: o regresso da Voz."




A cantora apresenta o novo disco Horizonte este sábado, 8, na Casa da Música, no Porto e no domingo, 9, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Um espetáculo que servirá também para passar em revista três décadas de carreira, a solo e com os Madredeus 

 

 Horizonte é o segundo disco de Teresa Salgueiro em nome próprio. Trata-se, diz a própria, de "uma extensão da enorme diversidade musical" já explorada no primeiro trabalho.

 

 

Depois da estreia, em 2012, com Mistério, no qual teve a seu cargo a produção, bem como a direção musical e a escrita das letras, Teresa Salgueiro está de regresso com o novo Horizonte, o segundo em nome próprio. De acordo com a própria, este novo álbum será como que “uma extensão da enorme diversidade musical” já explorada no primeiro trabalho, mas com a diferença de mergulhar muito mais a fundo nos instrumentos. Algo só possível devido à tal cumplicidade com os músicos que a acompanham desde então: Rui Lobato (bateria, percussão e guitarra), Óscar Torres (contrabaixo), Marlon Valente (acordeão) e Graciano Caldeira (guitarra). Um disco agora apresentado pela primeira vez em Portugal, em dois espetáculos que marcam também o regresso da cantora aos palcos nacionais, depois de uma extensa digressão europeia.

  

Para além dos temas próprios, o alinhamento incluirá também alguns temas do cancioneiro português, para os quais Teresa Salgueiro fez novos arranjos, como Canção de Embalar, de Zeca Afonso, Verdes Anos, de Carlos Paredes, Barco Negro, de Amália Rodrigues ou o fado Recordação, de Maria Teresa Noronha. E não faltarão também algumas músicas dos Madredeus, o grupo no qual se deu a conhecer em 1985, quando tinha apenas 17 anos e que a tornou numa das maiores embaixadoras da música nacional. Pelo meio colaborou com gente tão diversa quanto distinta, como José Carreras, Caetano Veloso, Gilberto Gil ou Carlos Núnez, entre muitos outros, que a reconheceram como uma artista cada vez mais global. Como mais uma vez se comprova neste novo disco, no modo como, ao regressar às origens, volta a abrir novos horizontes, para si e para própria música portuguesa.


Teresa Salgueiro  

Casa da Música Av. da Boavista, 604-610, Porto
T. 22 012 0220
 8 out, sáb 22h
€25
CCB Pç. do Império, Lisboa
T. 21 361 24 00
9 out, dom 21h
€15 a €40




Fonte: http://visao.sapo.pt/actualidade/visaose7e/ver/2016-10-08-Teresa-Salgueiro-O-regresso-da-voz
Repórter: Miguel Judas.
Foto: Susana Pereira.

Teresa Salgueiro em entrevista ao Público







(Por Nuno Pacheco)



Foi O Mistério que lhe abriu horizontes. O anterior disco de Teresa Salgueiro, que foi o primeiro integralmente composto por ela, letra e música, saiu em Portugal em 2012 em edição de autor. Mas foi depois editado em doze países (incluindo Taiwan), distribuído no Reino Unido e andou em digressão quatro anos, por vários palcos do mundo. E foi nesse tempo que a antiga vocalista dos Madredeus começou a gerar o novo álbum, a que deu o nome de O Horizonte e que é estreado ao vivo este fim-de-semana, primeiro no Porto, na Casa da Música (sábado 8, às 22h), e depois em Lisboa, no CCB (dia 9, 21h.)

Neste período, entretanto, a banda que a acompanha teve alterações. E só quando ela estabilizou é que terminou verdadeiramente a composição do novo disco. Com Teresa Salgueiro (voz), estão agora Rui Lobato (bateria, percussão e guitarra), Óscar Torres (contrabaixo), Marion Valente (acordeão) e Graciano Caldeira (guitarra). E todos eles assinam, juntamente com Teresa, a autoria das doze músicas. “É um trabalho colectivo. Existe a ideia de todos os músicos participarem activamente na composição, chamando-os a ser autores, seja maior ou menor a sua participação. É uma questão de união.”

Funciona assim: ela tem “muitas ideias de melodia e de voz”, que apresenta, ou então surgem da parte de Rui Lobato e Óscar Torres (com ela, os elementos mais antigos do grupo, o seu “núcleo duro”) “frases de guitarra, de contrabaixo”. A partir daí, todos se envolvem, até que a canção ganhe a forma que seja do agrado de todos. “Até que faça sentido. A ideia é que cada um dos instrumentistas explore ao máximo as capacidades do seu instrumento, e que, no final, seja uma música que nos represente a todos.”


Temático e pessoal

As canções têm aqui, tal como no disco anterior, nomes curtos, como pequenos quadros na exposição de uma ideia mais vasta, uma história: Horizonte, Desencontro, A Cidade, Instante, A esperança, O vento, Êxodo, A luz, Maresia, Céu, Liberdade, Entardecer. E quase todas elas têm, no início, pequenos sons indicativos: um canto longínquo, o tique-taque de um relógio, trânsito, vento, mar, chuva, tiros, pássaros. “Eu já tinha feito essa experiência no disco anterior, só num tema, n’A partida. E gostei imenso. Aqui, os temas estão muito ligados e a ideia era, não sendo excessivo, usar esses sons que acrescentam alguma coisa da verdade que a música também quer comunicar. É uma sugestão de caminho, de paisagem.” Explicando melhor: “O Horizonte é um disco bastante temático e, por outro lado, bastante pessoal, não no sentido autobiográfico mas no sentido do meu pensamento, da forma como eu vejo o mundo. E ele sugere realmente um percurso. Aquilo que está para lá do horizonte simboliza os nossos sonhos. Ele impele-nos de certa forma a empreender um caminho. E é ao fazermos esse caminho que vamos entrando em contacto com a realidade, com os elementos, e é isso que está presente neste disco. É este percurso que faz com que essa linha do horizonte nunca desapareça, mas se altere: os nossos sonhos estão em constante mudança, assim nós continuemos o nosso caminho. É um louvor à simples maravilha de estar vivo.”

O sonho e as raízes

Mesmo a meio, há um tema (é o mais longo do disco) que é impossível não relacionar com o drama dos refugiados. “Esse tema já existe há muito e sempre se chamou Êxodo. Sempre achei que era a voz de alguém que fazia uma travessia no deserto e sempre o quis dedicar aos povos excluídos, que infelizmente sempre houve, desde há séculos. Depois começou a haver esta guerra, a da Síria, que coincidiu. De qualquer forma, é um tema que é positivo, porque começa por essa travessia, por alguém que vai relatando tudo o que perdeu, mas que depois se refugia na sua memória. E a memória é a única coisa que, no caso destas pessoas, as consegue estruturar para sobreviverem a tudo aquilo que nós nem imaginamos o que seja. E isso também é assim no caso de todos nós: esse corpo que faz o caminho até ao horizonte é um corpo estruturado pelas vivências, pela memória. Este Horizonte não só olha para o sonho, mas também para as lembranças, para as nossas raízes, para aquilo de onde nós vimos.”


Fonte:  https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/teresa-salgueiro-o-horizonte-e-um-louvor-a-simples-maravilha-de-estar-vivo-1746593
Foto: Susana Pereira.


Teresa Salgueiro em entrevista ao Observador







Entrevista concedida a Pedro Esteves. 
Foto: Susana Pereira.




“O Horizonte” saiu na semana passada e serviu de pretexto para uma entrevista a Teresa Salgueiro. Ela já é muito mais que “a voz dos Madredeus”, é uma compositora em nome próprio. E está preocupada. 



Os Madredeus já lá vão, são assunto (bem) arrumado, e Teresa Salgueiro já não é só a voz, é também a mão que escreve as letras e as melodias no bloco de notas, algumas já com muitos anos. Este novo álbum sucede a O Mistério [2012] e é descrito como uma continuação e a opção ponderada de quem procura outros sons. Contudo, há nas entrelinhas da música e das palavras de O Horizonte mais do que uma sonoridade aprimorada.

 Nesta entrevista, a cantora e compositora fala-nos da sua música, da carreira e do novo disco, mas também das urgências do mundo, da nossa dificuldade em aprender com os erros, da raiva que é preciso colocar em certas palavras e na cola que, para ela, une todas as coisas: o amor.

 A nova digressão de Teresa Salgueiro começa na Casa da Música, no Porto, e no dia seguinte no CCB, em Lisboa. Do alinhamento fará parte o novo O Horizonte mas também temas do anterior O Mistério, bem como de três artistas que a compositora identifica como pilares da sua carreira: Amália Rodrigues, Carlos Paredes e José Afonso. Vai haver ainda um fado (não revelou qual) e, claro, canções dos Madredeus.

 Diz que O Horizonte é uma continuação de O Mistério. Em que sentido?
No sentido em que O Mistério foi o meu primeiro álbum autoral e este foi segundo. Também porque há uma continuação em termos sonoros, a banda é quase a mesma, os instrumentos são os mesmos, se bem que as guitarras têm cordas de nylon, são semi-acústicas, portanto a sonoridade é um bocadinho diferente. Começou a fazer mais sentido assim porque começámos, a dada altura, a fazer arranjos e a introduzir alguns temas com uma sonoridade mais acústica. Estas guitarras continuam a ser elétricas mas, quando queremos, têm uma vertente mais próxima da acústica.

 Diz “nós” mas foi a Teresa que escreveu o disco…
Sim, eu escrevi as letras mas a composição é feita em coautoria, é uma autoria partilhada.

 "Nascemos para nos cumprirmos e sermos felizes, é por isso que nós vimos à Terra. Não sei de onde vimos mas é por isso que nós estamos aqui." 

 Em toda a sua carreira outras pessoas escreveram-lhe canções. Como é que foi essa mudança, era uma vontade que tinha?
Não, não tinha. Sempre tirei muitas notas soltas de viagem, poemas, coisas que guardava só para mim. O “Horizonte” [single] foi uma coisa que me veio assim, música e letra, a primeira parte, as duas primeiras quadras, tal e qual.

 Quando é que isso aconteceu?
Já lá vão uns 15 anos, foi ainda no tempo dos Madredeus. Bom, mas ficou, nunca mais me lembrei mas também nunca mais me esqueci, ficou aqui guardado algures. Entretanto nos Madredeus sempre cantei canções de outras pessoas, feitas para mim e não por mim, com as quais sempre me senti muito próxima (das letras que cantava e das melodias). Era um processo muito dinâmico, que durou 20 anos, em que interpretei outros temas que me faziam sentido, coisas que me apeteceu, e nunca tinha imaginado que poderia ter esta vertente [de compositora].

 Mas quando é que se deu o click?
Aconteceu por um desafio do Rui Lobato. Um dia ele ouviu-me tocar piano (toco muito pouco, mas toco), e desafiou-me. Foi assim que surgiu o tema “A Batalha” [do álbum O Mistério, 2012]. Depois fiz um percurso de colaborações, a primeira aqui em Portugal com um disco que se chama Matriz [2009]. Foi uma bela ideia, tinha esse sonho, fixar num disco repertório que fosse exemplificativo da antiguidade, da diversidade e da riqueza da nossa cultura.

 É um trabalho que está por fazer?
Ficou de certa forma por fazer porque os arranjos não eram bem a minha linguagem. A ideia era boa mas não ficou completa como eu queria, mas pronto, fez-se o disco. Isto é um processo de aprendizagem, é a minha maneira. Sempre aprendi em frente ao público, sou praticamente autodidata, frequentei o Conservatório [de música] mas por pouco tempo, toda a minha aprendizagem foram as músicas que eu cantei e foi o palco, foi uma vida dedicada a essa entrega e a essa procura de dar o melhor de mim. Fiz a experiência mas não estava contente com a sonoridade, achava que não era bem aquele o meu caminho. Então, um ano mais tarde, fiz um projeto a partir de um dos temas que fazia parte desse álbum, chamado “Voltarei à minha Terra”, em que fizemos arranjos diferentes. A partir daí começámos a fazer a nossa música, as coisas começaram a surgir, o processo evoluiu e tornou-se mais natural, livre, dinâmico e de grande partilha e dedicação. Exige muito tempo, tenho uma relação muito intuitiva com a música, mas tenho uma grande confiança, gosto muito de música, sempre ouvi muita música e estou cada vez mais à vontade. É uma coisa incrível fazer música, é um campo infinito.

Qual é o seu lugar na música portuguesa?
É difícil de explicar… não sei. Posso apenas contar a minha história, será sempre apenas o meu ponto de vista. Sou alguém que se dedica à música há muitos anos, que se dedica ao canto, que tem um amor profundo pela língua portuguesa. E tive a sorte de ter trabalhado com pessoas que decidiram comigo “vamos ser músicos profissionais”, o que na altura era muito difícil — e agora volta a ser.

Porquê?
Havia pouca formação, além das escolas clássicas. Hoje há, os músicos têm mais formação. Entretanto houve uma grande crise, continua a ser difícil viver apenas da música. Antes havia médicos que eram músicos, hoje há professores de música que também fazem música. São realidades que estão sempre em mudança, por muitas razões. Os discos já não são uma receita com que possamos contar. E houve mesmo uma crise financeira extraordinária, que faz com que cada vez mais a lógica seja uma economia de poupar ao máximo nos meios que podem tornar possível a qualidade. E sem qualidade não há boa música.


Isso deixa-a triste?
Sim, mas nem é só pela música, deixa-me triste pelo estado em que está o mundo e sobretudo pelas pessoas que passam fome, não é? Para chegarmos aqui, há toda uma lógica económica — da qual eu falo no tema “A Cidade”, onde falo da “economia plástica” — que não está a ser usada para multiplicar os bens que existem e são suficientes para distribuir por todos.
Nós estamos numa era, temos nível de conhecimento tecnológico e científico… se isso fosse posto ao serviço da nossa evolução, uma evolução que respeitasse também o ambiente em que estamos, que parasse para pensar um bocadinho neste planeta incrível que estamos a destruir. E estamos a autodestruir-nos, estamos a olhar cada vez menos para o próximo, a escutar menos o próximo e cada vez mais distraídos, cada vez há mais ruído, é aflitivo. Sim, deixa-me triste a condição geral e deixa-me triste e um pouco frustrada esta falta justiça.

Nessa canção [“A Cidade”] há uma certa diferença na forma que escolheu para dizer algumas palavras.
Talvez, sim. Talvez haja uma coisa que é pouco vulgar em mim que é uma certa ira, uma certa zanga, porque… já chega, basta, acho mesmo que basta. É muito complicado parar esta lógica, teremos que criar outras continuadamente, estar em constante diálogo, estarmos alerta, falarmos uns com os outros e lutar pela liberdade. A história humana repete-se, não é? Mas já não faz sentido, porque nós já sabemos muito…

Mas continuamos a cometer os mesmos erros.
Acho que são piores, porque não são os mesmos. Ao serem parecidos com os antigos são mais monstruosos. Há uma certa inconsciência, que é o oposto da consciência que deveria haver, porque hoje sabemos mais coisas, a todos os níveis. Sabemos os erros, podemos analisar, podemos comparar e temos uma responsabilidade extraordinária e estamos todos completamente coagidos e deixamo-nos ir com isso. Todos nós somos pouco interventivos, podíamos ser mais.
Aquilo que é fundamental é o amor entre as pessoas, isso é a única coisa que nos salva e é realmente a única coisa que fica. 
Seguindo essa linha de pensamento, o que é que é mais urgente resolver?
Eu acho que o mais urgente é a formação. A escola, a comunicação, a forma como se comunica e o que se comunica. O mais interessante seria dar espaço, acabar com esta lógica de que todos temos de ser um tipo de pessoa, de que todos temos de servir. Estamos a ser conduzidos para um tipo de profissões e serviços que servem a lógica que de nós se serve. E isso é disparatado, é difícil fugir mas só pode começar por aí, só pode começar na família, só pode começar em cada um ter muita consciência de si mesmo, em estar atento ao próximo.
As pessoas deviam ter liberdade. Sempre gostei muito do professor Agostinho da Silva e lembro-me sempre de ele dizer que é uma coisa muito grave as crianças não terem espaço para descobrir quem elas são, qual a sua vocação. Porque cada um de nós nasce com uma capacidade para fazer uma coisa única que mais ninguém faz.

Acredita nisso?
Acredito, absolutamente. Acredito mesmo. Até com mais do que uma capacidade, mais que uma coisa única.

Ou seja, cada um de nós tem um papel.
Nascemos para nos cumprirmos e sermos felizes. Não sei de onde vimos mas é por isso que estamos aqui. Mas é difícil, porque a lógica é outra, a ganância humana continua a ser aquilo que impera, cada vez mais tudo se está a transformar em dinheiro, é uma coisa incrível, tudo se está a transformar em números. Mas não em números bons.
Ainda há dias li uma entrevista de um matemático, de quem não vou saber dizer o nome, que dizia que estava muito preocupado com o rumo que a espécie humana estava a levar. Ele acha que a matemática pode ter um papel importante nisso. Mais, ele acha que a forma como a matemática é ensinada é a grande responsável pelo estado em que o mundo está. Ele diz que, desde o início, a matemática deveria ser ensinada como uma procura para uma solução e não, como é, um imperativo de encontrar uma solução. E acrescentava que a tecnologia (que é matemática) está a tomar conta de nós. Qual é a solução? A solução é não deixarmos de falar uns com os outros, é estimular a criatividade.

Então e qual é o seu papel?
São vários. Sou mãe, por exemplo, tento transmitir à minha filha estes pensamentos. Mas além da formação de que falava há pouco, aquilo que é fundamental é o amor entre as pessoas, isso é a única coisa que nos salva e é realmente a única coisa que fica. O amor é importante, o olhar para o outro, o ouvir, o estar disponível.

E na música?
Tenho um percurso muito singular, fiz parte de uma aventura única na música portuguesa, riquíssima, maravilhosa [os Madredeus]. E depois tive a felicidade de conseguir continuar caminho, que já dura há dez anos, escrevendo a minha música, dizendo as coisas que sinto que tenho para dizer. Este é um dos meus papéis e gostava que fosse cada vez mais, isto de transmitir esta centelha de força e alegria de viver que as pessoas têm de procurar ter.
E nós vemos que é possível viver com tão pouco, não é? Em sociedades muito pobres, onde se sofre muito e falta quase tudo, há pessoas que sorriem, que são felizes. Aquilo que nos faz felizes, em termos materiais, é muito pouco. Em termos humanos é muito, mas é valioso e é difícil: o amor e o respeito entre pessoas.
E o sonho, que é disso que fala também O Horizonte [álbum], aquela linha que está ali e nos convida a caminhar, é o limite do que nós vemos, do que está à nossa frente. É a linha que une a terra ou o mar ao céu. Quando começamos um caminho ao encontro dos nossos sonhos vamo-nos deparando com o mundo e com a realidade.
"Talvez haja uma coisa que é pouco vulgar em mim que é uma certa ira, uma certa zanga, porque… já chega, basta, acho mesmo que basta!" 
Este álbum é uma tradução de sonhos e anseios?
É a tradução desta minha vontade, alguma teimosia, esta crença profunda de que é importante perseguir os nossos sonhos, no meu caso é fazer e escrever música e partilhar isso com as pessoas, esperando que isso lhes dê alguma alegria. E acredito que é importante lidarmos com o caminho, com tudo aquilo que aparece, com os obstáculos, com as ajudas… maravilhar-nos a todo o momento com as coisas pequeninas, que a mim me maravilham.

Isso tem algo de religioso, ou não?
Talvez tenha. Estou profundamente ligada a tudo aquilo que me trouxe aqui e tenho um profundo respeito por isso, mesmo com os obstáculos. Mas é engraçado que muitas vezes esses obstáculos são importantes. Por exemplo, O Horizonte começou a ser composto logo a seguir à edição de O Mistério [2012] mas entretanto só agora é que foi possível…

Mas ficou muito diferente da ideia original?
Ficou muito mais profundo e muito mais rico do que se tivesse sido feito logo na altura, portanto ficou melhor. Nesse sentido, aparecem-nos coisas que às vezes nos tolhem os movimentos mas que eu acredito que são sempre oportunidades, uma forma de nos dizer “pára e melhora”. Temos de conseguir transformar.
A nossa música também é assim, O Horizonte é uma continuação d’O Mistério porque é um segundo passo (na composição e na escrita), mais profundo e mais rico. Tentamos, com os poucos elementos que temos em palco, fazer a música soar como uma grande orquestra, vejo sempre um grande espaço, a música tem de nos levar para um espaço enorme.



Fonte:  http://observador.pt/especiais/entrevista-teresa-salgueiro-o-horizonte/

"O Horizonte" no Porto


Boa tarde!


Enfim chegou a tão esperada data, a estréia da turnê "O Horizonte". Teresa e equipe já se encontram na Casa da Música, no Porto, onde daqui a pouco, às 22h (hora de Portugal) subirá ao palco para encantar a todos com esse belo trabalho que viemos acompanhando desde o início.
Bom concerto a todos, tenho certeza de que será uma noite maravilhosa de música e alegria. Lembrem-se de ao final comprar o CD e aguardar, nossa estrela sempre recebe a todos para um abraço, um autógrafo, uma foto. E se acharem um coração vermelho e verde pelo chão, já sabem, é o meu. (risos)

E amanhã "O Horizonte" clareia em Lisboa, às 21h, no CCB.



Segue entrevista concedida pela Teresa ao Diário de Notícias




O novo Horizonte de Teresa Salgueiro


 Teresa Salgueiro apresenta o novo álbum a solo O Horizonte em concertos hoje na Casa da Música, no Porto, e amanhã no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Conversámos com a antiga vocalista dos Madredeus num hotel lisboeta.


 Com nove anos de percurso em nome individual, Teresa Salgueiro está a viver o início de uma nova etapa a solo com o álbum O Horizonte, editado na semana passada. Hoje e amanhã, na Casa da Música e no Centro Cultural de Belém, Teresa Salgueiro vai interpretar os temas do novo disco, promete recuperar algum do reportório do longo antecessor O Mistério, e vai cantar "algumas versões de temas da cultura portuguesa", sem esquecer os Madredeus. Teresa Salgueiro passa a assumir no novo disco o comando de todos os aspetos da sua música - letras, composição, interpretação e até produção a meias com o seu multi-instrumentista Rui Lobato. "De facto, este disco foi uma grande luta, porque começou a ser composto logo depois de O Mistério, o disco que gravei em 2012. Entretanto, houve muitas alterações. O Horizonte representa aquela linha que está ali [Teresa aponta ao fundo], sempre longe. É o limite daquilo que conseguimos ver e que nos convida a fazer um caminho. À medida que caminhamos, o horizonte muda mas o sonho permanece. Nesse caminho vamos encontrando o mundo real. Sendo o sonho de ser músico, este disco teve de passar por várias fases e obstáculos que se tornam oportunidades para melhorarmos as coisas. Acredito que o disco é melhor agora. Se tivesse sido feito há quatro anos, o disco teria sido outro. Acho que a música está mais profunda do que a de O Mistério. Mudaram pessoas, saiu o guitarrista que queria fazer um masterclass em Nova Iorque. Há dois anos saiu a acordeonista. É uma muito maior responsabilidade, a de gerir esta atividade para a qual colaboram pessoas cujas vidas dependem disto."

Nesta nova formação, além de Rui Lobato, o coletivo de Teresa Salgueiro conta com o contrabaixista Óscar Torres, o acordeonista Marlon Valente e o guitarrista Graciano Caldeira. "Os músicos que vieram trouxeram a sua linguagem. Se calhar, o tempo que levou podia ter sido um pouco menor. Mas o percurso que tem sido feito tem sido muito enriquecedor para mim." 
 A curiosidade é que Teresa Salgueiro continua a ser acompanhada por mais quatro instrumentistas, o que aconteceu em vários períodos dos Madredeus. "É uma coincidência mas também uma procura. Aquilo que eu quis era um som que fosse novo, que não me fizesse repetir. Pensei no acordeão porque era um instrumento que tinha estado no meu início. E é um instrumento bastante versátil, parece uma orquestra. E é muito português. O contrabaixo é um instrumento também bastante versátil. Ainda por cima, o contrabaixo do Óscar é elétrico e permite o uso de pedaleiras e de uma série de recursos. A ideia era encontrar uma música que fosse ao encontro da minha voz e de um som com o qual me identificasse."
 Na comparação inevitável de O Horizonte com os Madredeus, notam-se algumas diferenças substanciais, nomeadamente na secção rítmica. Mas há associações evidentes, como o ar do acordeão. "Poderá haver uma proximidade sonora nalgumas coisas e até de inspiração, pois sou a mesma pessoa. Passei muitos anos a cantar o meu amor a Portugal e continuo a fazê-lo. Mas a música é muito diferente. Nos Madredeus, os temas são mais canções, com uma estrutura clássica. Nós hoje não fazemos bem isso. Há pontualmente canções, mas o que fazemos são essencialmente peças, as letras raramente se repetem. É outra fórmula de música. Mas se me compararem aos Madredeus, só posso ficar contente, estive lá tanto anos. Gostei muito dos Madredeus quando lá estive."
 Outra das razões que ajudam a diferenciar o novo álbum de Teresa Salgueiro do legado dos Madredeus prende-se com o facto de a cantora lisboeta passar a assinar as letras. "Estes temas que tocamos sabemos que vão suportar a voz e as palavras cantadas e um pensamento - tanto n"O Mistério como n"O Horizonte. Acho que este disco é muito pessoal mas não num sentido autobiográfico. É pessoal porque representa o meu pensamento e a minha visão sobre a realidade. Quando estou a escrever, estou a imaginar quem vai ouvir-me. Claro que imagino uma plateia, mas também imagino um a um. Nesse sentido, é um disco dirigido a cada um."
Nessa escrita de letras, Teresa Salgueiro conseguiu inspirar-se para o tema mais interventivo que jamais cantou: chama-se Êxodo. "Esse tema já tem quatro anos. E sempre se chamou Êxodo mas só escrevi as letras há pouco tempo. O Êxodo inspirou-me sempre a falar nos povos excluídos. Há séculos que cruzam o planeta, expulsos por outras comunidades. Isso é uma coisa que me faz muita confusão. Portugal é também um país de diásporas, se bem que a emigração foi muitas vezes forçada, de que temos casos recentes. Quando comecei a escrever este tema, aconteceu a guerra da Síria que tem provocado este êxodo terrível. Estava a lembrar-me de povos, que para além de perderem as suas casas não têm para onde ir. Se houvesse vontade política, nós poderíamos estar a viver num mundo extraordinário. Mas o pior da natureza humana ainda está a vencer. É assustador. Temos de lutar."
Durante vinte anos, Teresa Salgueiro habituou-se ao amparo de uma retaguarda altamente profissional chamada Madredeus. Mas Teresa Salgueiro não se sente hoje mais desamparada: "Sinto-me livre. E tenho outra retaguarda, de músicos extraordinários que me acompanham. Há um núcleo duro na banda, formado por mim, pelo Rui Lobato e pelo Óscar Torres, e há um trabalho de equipa que me faz sentir apoiada. Tenho a sorte de contar com estas pessoas, com quem consigo falar, e que se preocupam tanto quanto eu com a qualidade. Há muita liberdade criativa em que eu sou o filtro."

Saída pacífica dos Madredeus

O que será mais difícil: uma rapariga de 17 anos a enveredar pela carreira de cantora no início dos Madredeus ou uma mulher com mais vinte anos em cima a decidir aventurar-se num percurso a solo? Para a cantora, a decisão de sair dos Madredeus não foi "nada difícil porque foi pacífica e a única possível. E a decisão de ingressar nos Madredeus também não foi nada difícil porque foi uma alegria, ninguém sabia no que aquilo ia tornar-se. Eu era ainda miúda. O grupo depois profissionalizou-se mas no início foi um encontro feliz. Saí por um desentendimento de agenda. Tínhamos combinado um tipo de ocupação e estava a ser-me exigido outro. "Ou é este ou é nada!". Neste caso, escolhi o nada. Era a única opção possível, não ia ficar a fazer uma coisa que não tínhamos combinado e que não me ia permitir estar de corpo e alma no projeto como sempre estive ou como sempre tentei estar. Nesse sentido, foi pacífico. Somos responsáveis pelos sonhos que escolhemos. Claro que isso tem consequências. No meu caso, o meu sonho era continuar a cantar."

E para continuar a cantar, Teresa Salgueiro tem os cuidados normais com a voz, como explica: "Tentar ter uma vida regrada a nível de dormidas, não fumar, não beber. Já fumei no passado mas já deixei há muito tempo porque não me faz bem nenhum. Bebo muita água, gosto muito de gengibre, mascado e por vezes em chá. E faço o aquecimento normal de voz antes de cantar."





Fonte:  http://www.dn.pt/artes/interior/o-novo-horizonte-de-teresa-salgueiro-5430433.html
Foto:Susana Pereira.




segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O Horizonte


Olá a todos, bom dia!



São quase duas da manhã aqui no Brasil, o projeto de mestrado está por escrever mas eu não poderia deixar de partilhar com todos a imensa alegria que sentimos com o lançamento de "O Horizonte", mais novo, lindo e aguardado disco de carreira da nossa estrela. 
Em sua página oficial no Facebook, Teresa postou que "O Horizonte já se encontra nas lojas, na esperança de ser desvendado" por nós. As plataformas digitais onde se pode comprar as músicas são as seguintes: 

Loja: http://bit.ly/LojaTeresaSalgueiro
iTunes: http://bit.ly/iTunesTeresaSalgueiro
Google Play: http://bit.ly/GPlayTeresaSalgueiro
Spotify: http://bit.ly/SpotifyTeresaSalgueiro


E tem muitas novidades, concertos (como já havia publicado por aqui), o Instagram oficial da Teresa (é dela mesmo!), transmissões ao vivo que ela faz no Facebook, enfim, muitas alegrias para nós, seus fãs. Em breve o Fã-Clube irá anunciar a promoção tradicional em comemoração ao dia dos anos da Teresa. Que será que iremos sortear, hem? :-)

Pois. O Instagram da Teresa é  https://www.instagram.com/teresasalgueiro.music/

Os próximos concertos serão:

Dia 8: Casa da Música.
Dia 9: Centro Cultural de Belém.
Dia 14: Cine Teatro São Pedro (Águeda).

Ao longo da semana publicarei detalhes. 

Abraços,

Vera.