Sobre "O Horizonte e a Memória"

Boa tarde,

Com os ingressos esgotados nas duas apresentações em São Paulo, Teresa Salgueiro encerra esta primeira visita ao Brasil com a turnê "O Horizonte e a Memória". A primeira de muitas, tenho fé em Deus. E foi Deus quem me deu a oportunidade de reencontrá-la em Paraty, no Mimo Festival. Lembro-me que, quando ela postou um vídeo em sua página oficial anunciando sua vinda ao Brasil, eu pedi a Deus que me concedesse a graça de revê-la naquela cidade. E Ele ouviu as minhas preces. Com alegre esforço, economizando, consegui as passagens, a hospedagem em um simpático hostel que fica a poucos metros do Centro Histórico e um pouco de dinheiro para me manter. Detalhe: há vinte dias eu havia fraturado o tornozelo, rsrs, tirei o gesso no dia anterior à viagem mas cadê que ficou bom, que nada, inchou, doeu, eu andava em Paraty escolhendo as pedras onde pisar, dando três passos olhando para o chão e parando, depois mais três e parando para olhar a linda cidade. Se valeu a pena? Nossa! Eu nunca fui tão feliz! Toda vez que me encontro com a Teresa é uma alegria sem fim, a sua doçura, seu jeito simples de ser e a simpatia com que atende a todos os fãs (todos mesmo!) me alegram coração.

Então; no sábado, na Casa da Cultura, ocorreu o "Fórum de Ideias", ao qual a Teresa foi convidada a apresentar uma palestra sobre Amália Rodrigues e o fado. Conheci muitos fãs, de Minas Gerais, do Maranhão, Paraíba, Niterói.... A palestra foi linda e muito gratificante, Teresa usou como texto-base duas biografias de Amália que depois eu vou descobrir os títulos para ler. Teríamos todos ficado a ouvir Teresa até ao anoitecer mas haveria outros eventos no espaço. No final ela falou com todo mundo (alguns não tiveram coragem de se aproximar, absolutamente encantados, rsrs), tirou fotos, deu autógrafos, quase não conseguiu voltar ao hotel de tanto que nós a queríamos, uma prosa, mais fotos, mais abraços, esse amor de fã que nós sabemos tão bem como é. 

No dia seguinte, domingo, passagem de som! Pelas dezesseis horas lá fui eu arrastando a perna até a Praça da Matriz, rsrs, a personificação da felicidade. Foi tão lindo! O sol de fim de tarde, os pássaros voltando para os seus ninhos nas árvores antigas da praça, a brisa soprando do rio... Eu chorava de emoção enquanto Teresa ensaiava com seus músicos os temas que cantaria logo mais à noite. Eu estava triste porque não poderia ficar para a apresentação no Rio de Janeiro mas a Teresa me lembrou de ficar feliz porque estávamos ali, naquele momento. É tão fácil nós, em nossa insatisfação humana, nos perdermos da alegria! A gratidão precisa ser um exercício constante, uma lembrança permanente do quanto Deus nos abençoa e nos dá forças para prosseguir. E "O Horizonte" reflete bem esse caminho por onde andamos, ao mesmo tempo em que nos alerta para os perigos do consumismo, da "pressa por repetição", nos convida a parar para ouvir a voz dos que foram expulsos de seus lares pelo terrorismo e têm como bens unicamente as lembranças dos momentos felizes que viveram. Os fios com que Teresa teceu esse álbum encantador são feitos de vida, de esperança, resplandecem com a luz de uma grande artista, cantora, compositora, um ser humano incrível que cativou a todos que pararam para ouvi-la, naquela tarde, pessoas que ainda não a conheciam e estavam na cidade por outros motivos mas que à noite retornaram para ouvir mais uma vez essa voz cristalina, essa mensagem atualíssima, e a Praça da Matriz ficou lotada (como eu te disse, Teresa!), Paraty compareceu em peso para ouvir nossa musa cantar, o sino da Matriz badalava as horas que passavam sem que percebêssemos, os aplausos iam dando lugar a outras canções, temas de Amália Rodrigues, Carlos Paredes, Zeca Afonso, Madredeus... Foi lindo. O melhor concerto a que já assisti. Obrigada, Teresa! Você trouxe alegria, cor, beleza à minha vida. Com sua arte você me ensinou a erguer o olhar e desvendar o meu horizonte. Eu amo você.

Foto: Mimo Paraty